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Diversidade

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Capacidade de considerar e respeitar as diferenças, com isso contribuímos para equidade.

Prática positiva de aceitar o outro como ele é, sem ofensas, piadas e uma postura inclusiva.

Valorização e respeito ao próximo sem a intenção de superioridade, preconceito ou discriminação. Unificação de forças e capacidades para o bem maior considerando a necessidade de cada um.

Diversidade, inclusão e racismo na cultura digital


Por Carlos Augusto Monteiro

O podcast LACult entrevistou o jornalista Glauco Figueiredo para conversar sobre racismo histórico, discursos de ódio nas redes sociais e vieses na identificação facial, entre outros temas. Este episódio está alinhado com o conteúdo apresentado no curso “Diversidade, Inclusão e Novos Formatos no Jornalismo Pós-Cultura Digital”, ministrado pelo Departamento de Extensão da UFRJ e organizado pela Rede de Jornalistas Pretos (RJP).
 
Glauco Figueiredo é jornalista com cerca de 20 anos de experiência em imprensa e Comunicação Corporativa e pós-graduando no curso de História da África e da Diáspora Atlântica pelo Instituto Pretos Novos, em parceria com a Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo (FGE-SP)

Entre os assuntos abordados, citamos o estudo da jornalista Luciana Barreto que mostra o quanto a cultura de ódio digital contra negros acaba sendo uma consequência direta da falta de representatividade de pessoas pretas nas redações de jornais e do conteúdo da notícia, da maneira que ele é passado e quem o está passando, que é uma maioria branca. 

Segundo Figueiredo, Luciana Barreto contribui para a discussão por lembrar da necessidade de se pensar em práticas efetivas junto à legislação penal de combate e de reeducação contra as práticas de racismo nas redes sociais”. “É importante que neste tipo de discussão estejam sendo observados os crimes cibernéticos, que embora tenhamos tido avanços nesse combate, considero que as ações ainda são falhas e demoradas. Eu mesmo já fiz denúncias para um post específico, que demorou muito a sair do ar e, enquanto isso, vai gerando engajamento”, relembra o jornalista.

No episódio do podcast, é abordada também a teoria da “partição ontológica do ser”, que subdivide a sociedade em “pessoas e sub-pessoas”. Segundo a teoria, enquanto o primeiro grupo tem seus direitos plenos do Estado assegurados, o segundo é visto como invisível, ou “apolítico”, isento de ser objeto de políticas públicas. Em um mundo digitalizado, isso se reflete, por exemplo, no vazamento de dados destes grupos vulneráveis e no uso de IA para reconhecimento facial. Sobre o tema, Glauco vê abusos e, ao mesmo tempo, consequências de todo um histórico da população preta marginalizada e excluída de direitos.
 
“Até hoje a abolição no Brasil é inconclusa. Você tira a pessoa de um estado de cativeiro ou até uma alforria mal resolvida e a entrega à sociedade. Daí vem o processo de entrada das populações europeias para ocupar o país, em um processo de embranquecimento, alicerçado em conflitos eugenistas, com desdobramento de ideias racistas também”, explica Figueiredo.
 
O jornalista fala também do impacto desse processo para a questão educacional e econômica envolvendo a população preta. “Com o processo de industrialização do Brasil, você tem dois elementos importantes: a absorção de mão de obra não especializada que é branca, com a vinda dos imigrantes europeus, em detrimento dos negros alforriados, então você impacta ainda mais socialmente este grupo”, conclui.

Confira a conversa completa neste link.



 

Diversidade & Inclusão de Idosos no Mercado de Trabalho: 
Desafios e Oportunidades em um Brasil em Envelhecimento

​* Por Ana Lúcia Calixto

Os idosos são, segundo a Lei N.º 10.741, todas as “pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. Eles, além de serem uma porcentagem pequena no mercado de trabalho, enfrentam diversos problemas relacionados à falta de oportunidades em empresas.
De acordo com dados do Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa população saltou, na capital do país, de 198.012 para 365.090, entre 2010 e 2022 — um aumento de 84,3%. Muitas dessas pessoas estão ativas ou se sentem dispostas a continuar no mercado de trabalho, porém esbarram em grandes desafios e barreiras.
A presença de idosos no mercado de trabalho brasileiro se configura como um tema de crescente relevância, permeado por desafios e oportunidades. De um lado observa-se o aumento da população idosa, impulsionado pelo envelhecimento da sociedade.
Esse cenário demográfico pressiona o mercado de trabalho a se adaptar às novas realidades, incluindo a longevidade e o desejo de muitos idosos em permanecerem ativos profissionalmente. Por outro lado, persistem dificuldades significativas para a inserção e permanência desse grupo no mercado.

Desafios / Dificuldades
Profissionais de todas as faixas etárias enfrentam determinados desafios no mercado de trabalho, incluindo os idosos.
São inúmeros os desafios enfrentados pelos idosos no mercado de trabalho, desde aqueles atrelados a condições físicas, como problemas de saúde, que prejudicam a produtividade, até aqueles envolvendo estereótipos e preconceitos, atitudes discriminatórias que correlacionam os colaboradores com 60 anos ou mais à incompetência profissional.
De acordo com a especialista Isabelle Chariglione, "Temos uma crença de que as pessoas mais velhas teriam menos capacidade e, com esse pensamento, faltam oportunidades no mercado de trabalho", lamenta. Dados mais recentes do Instituto de Pesquisa e Estatística (IPEDF) mostram que, entre 2021 e 2022, apenas 5,3% dos acima de 60 anos estavam na População Economicamente Ativa (PEA). A diferença para a faixa etária de 30 a 59 anos, por exemplo, é discrepante — enquanto 65,2% desse público estão na PEA.
Além disso, diz a especialista, existe muita dificuldade para a adaptação das pessoas idosas. "Cada vez mais o trabalho exige um ritmo acelerado, constantes mudanças e isso, de fato, impacta negativamente naqueles que estão envelhecendo", observa. Isabelle destaca os benefícios de estar trabalhando, mesmo numa idade mais avançada. "Para algumas pessoas, é muito importante, pois proporciona autonomia, traz saúde mental e engajamento social, além de mantê-las ativas mental e fisicamente", reforça.
Um desafio muito forte é o Etarismo, que é um preconceito que muitas vezes passa despercebido, mas que afeta negativamente as pessoas mais velhas em várias áreas da vida. É uma palavra que está na moda, e etarismo é uma forma de discriminação que pode ser vista no mercado de trabalho, na educação, no acesso à saúde, na política e na vida social em geral. Infelizmente, isso muitas vezes impede as pessoas mais velhas de perseguir seus sonhos e metas pessoais.
Um artigo da revista Forbes de 2018 divulgou uma das pesquisas mais aprofundadas sobre a relação entre idade e sucesso em startups foi conduzida por pesquisadores do MIT, Northwestern, Wharton e do U.S. Census Bureau. Eles descobriram que a idade média dos fundadores de startups nos Estados Unidos era de 42 anos. A idade média dos fundadores de startups de alta tecnologia (onde se poderia presumir que os fundadores são mais jovens) era de 43 anos. E a idade média dos fundadores dos raros unicórnios de crescimento ultra-rápido (os 1 em 1.000 empreendimentos de crescimento mais rápido) era de 45 anos.
A pesquisa mostra que a probabilidade de sucesso como fundador aumenta com a idade até os 60 anos.
Além disso, a diversidade em todas as suas formas é essencial para uma sociedade saudável e próspera. Isso inclui a diversidade de idade, e é importante reconhecer o valor das pessoas mais velhas e dar-lhes o respeito e as oportunidades que merecem.

Discriminação para Mulheres
Um estudo da Harvard Business Review revelou que as mulheres enfrentam etarismo no ambiente de trabalho independentemente da idade. Segundo a pesquisa, elas são consideradas jovens demais ou sofrem discriminação por estarem velhas e irrelevantes.
Aquelas que estão na faixa dos 50 e 60 anos enfrentam discriminação pela idade e aparência, enquanto homens da mesma faixa etária estão no alto de suas carreiras. 
Mais de 1.000 profissionais de 46 países participaram do estudo, intitulado “Explorando o Impacto do Etarismo nas Mulheres no Local de Trabalho”. Os resultados mostraram que 77,8% das entrevistadas já enfrentaram preconceito ou discriminação pela idade no ambiente de trabalho, e 80,7% já testemunharam outras colegas sendo tratadas de forma diferente por conta da idade.
Sofrer esse tipo de preconceito no trabalho motivou as executivas a transformar essa experiência em um catalisador para a mudança. Algumas usaram isso como impulso para iniciar seus próprios negócios, enquanto outras começaram a atuar pelo combate ao etarismo de gênero.
Resumindo, “não existe uma idade certa” para as mulheres em relação ao avanço profissional.

Empregabilidade
Pelo menos 86% da população acima dos 60 anos afirma já ter enfrentado algum tipo de preconceito em relação ao mercado de trabalho, independentemente de suas habilidades e experiências.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática (IBGE), as pessoas acima dos 50 anos representam mais de 25% da população e 22% da força de trabalho no Brasil. Porém, apenas 5,6% das empresas afirmaram ter contratado profissionais nessa faixa etária na mesma proporção (25%).
“Por mais que o despertar das empresas para a inclusão esteja acontecendo, a velocidade dessa conscientização ainda é lenta, resultando em exclusão e dificuldades significativas para os mais experientes e idosos se manterem no mercado de trabalho”, destaca o CEO do Grupo Croma.
As políticas de inclusão deveriam ser uma premissa básica nas organizações. Mas nem todas investem nesse diferencial.

Busca de soluções.
Apesar dos desafios, a participação de idosos no mercado de trabalho oferece diversas vantagens:
Experiência e conhecimento: Profissionais experientes geralmente possuem um vasto conhecimento acumulado ao longo da carreira, o que pode ser um diferencial valioso para as empresas.
Maturidade e responsabilidade: Idosos geralmente são mais maduros e responsáveis, com maior senso de compromisso e ética profissional.
Estabilidade e menor rotatividade: Têm menor propensão a trocar de emprego, o que reduz custos para as empresas com treinamento e recrutamento.
Visão estratégica: A experiência de vida e a maturidade podem contribuir para uma visão estratégica mais abrangente dentro das organizações.
Quando reconhecemos o valor das pessoas mais velhas e lhes damos as oportunidades que merecem, estamos construindo uma sociedade mais justa e equitativa para todos. 
Devemos tratar de forma equalitária, todas as pessoas, jovens e idosos, pois apesar de terem mais conhecimentos, também podem errar, como qualquer um. São mais experientes, mas também humanos, como TODOS. Erram e acertam como todo ser humano. 
Combater o etarismo e garantir o direito de sonhar dos idosos é uma tarefa que será cada vez mais necessária em nossa sociedade.
No ambiente corporativo, a área de Recursos Humanos tem a responsabilidade de combater o preconceito etário ou de qualquer tipo. Essa quebra de paradigma deve ser promovida com atividades educativas em um ambiente respeitoso.
Empresas que mantêm programas de inclusão, conseguem vencer a rejeição dos colegas. Assim, os colaboradores serão educados para receber os mais velhos com carinho, senso colaborativo e respeito
Inserir idosos no mercado de trabalho é uma estratégia de gestão interessante para empresas que apoiam a diversidade.


Longevidade


"As vagas afirmativas para pessoas com mais de 60 anos não apenas promovem a diversidade, mas também trazem uma riqueza de experiência, sabedoria e maturidade para as equipes. Contratá-las pode enriquecer o ambiente de trabalho, além de promover uma cultura organizacional mais inclusiva e respeitosa para todas as gerações".
Um dia você também pode ser vítima de etarismo, então que tal ajudar a combater isso desde já?

 

*MBA em Gerenciamento e Gestão de Projetos

Inclusão de pessoas negras em espaços de decisão são marcadas por resistência

Falta de representatividade tem resultados negativos para a mitigação do racismo e na criação de políticas inclusivas

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Isabel Sousa/Canva

* Por Matheus Tupina

 

Apesar da criação e crescimento de políticas capazes de dar maior equidade a pessoas negras dentro dos espaços políticos, como as cotas financeiras para candidatos pretos e pardos, há uma série de resistências que evidenciam a predominância do racismo estrutural para a consolidação destas políticas.

 

Entre estas estão as dificuldades internas em partidos políticos e projetos de lei que propõem um retrocesso na evolução destes direitos, como a PEC da Anistia, aprovada na Câmara dos Deputados e tramitando no Senado. O texto pretende diminuir a quantidade de fundo eleitoral e partidário para candidaturas a este grupo em relação ao montante atual, de 50%.

 

Também há resistência dos grupos políticos em manter e reconhecer a eficiência de iniciativas já criadas para diversificar os espaços públicos antes negados a minorias, como as universidades.

 

A dificuldade em compreender estas políticas públicas remove as pessoas negras destes espaços institucionais pode perpetuar a manutenção da discussão ou da vigência de leis e de práticas racistas, como na segurança pública, onde a maioria dos que morrem em confronto com policiais são pretos e pardos.

 

Os principais espaços políticos federais são majoritariamente compostos por pessoas brancas. Um exemplo é a Câmara dos Deputados, que possui 26% de negros em sua composição, enquanto a população brasileira registra 55% destes grupos, segundo o IBGE.

 

Oito anos antes, em 2014, quando o TSE passou a divulgar a autodeclaração de raça dos candidatos, os negros eleitos para a Câmara somavam 20% das cadeiras.

 

No mesmo período, houve um impulsionamento de candidaturas laranjas, fraude que consiste no lançamento de campanhas de fachada apenas com o intuito de desvio das verbas femininas para candidatos homens.

 

A doutora em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo) e colunista da Folha Cida Bento afirma em texto escrito com Flavio Carrança que há resistência na democratização do espaço político para mulheres e negros pelos políticos já presentes, majoritariamente brancos.

 

Ela afirma que a PEC da Anistia, que perdoa partidos de irregularidades no uso de verbas eleitorais, especialmente na distribuição dos valores a candidaturas femininas, de pretos e pardos, é inconstitucional e deve ser repelida com participação ativa dos movimentos negros na tramitação do texto.

 

"Não é aceitável conceder anistias às legendas partidárias, pois representa um descumprimento dos ditames de justiça e equidade racial que precisam orientar a política brasileira."

 

"Esta emenda, inconstitucional, não reconhece as responsabilidades financeiras dos partidos, e os autoriza a funcionar sem transparência. E explicita o temor que muitos parlamentares têm de que o parlamento deixe de ser majoritariamente masculino e branco, como é hoje", conclui Cida Bento.

 

A falta de representação institucional de pessoas negras na política afeta a produção legislativa e de políticas públicas capazes de absorver os principais problemas de desigualdade no país, que possuem um viés racial.

 

Em um deles, a economia, as consequências da falta de representatividade é patente – a maioria das pessoas negras recebe menos, trabalha em empregos de menor especialização e é alvo de repressão policial.

 

Segundo os dados do Censo do Ensino Superior, do INEP, mostra que, em 2018, apenas 30% dos concluintes em cursos de economia, por exemplo, se declararam pretos ou pardos. A falta de economistas negros afeta a produção de iniciativas que abarquem essa população e seus principais problemas.

 

O número aumentou com a implementação das cotas raciais desde 2013, quando eram 27% os concluintes.

 

Da mesma forma ocorre dificuldade de inclusão de pessoas negras em espaços de decisão da segurança pública do país, e o resultado é claro: a cada 10 pessoas mortas pela polícia na Bahia em 2022, 9 eram negras, segundo nova edição do relatório "Pele Alvo: a bala não erra o negro", publicado nesta quinta-feira (16) pela Rede de Observatórios da Segurança.

 

No Rio de Janeiro, a relação chega a 87% de pessoas negras entre todos os 1.330 óbitos registrados no estado causados pelas forças de segurança. Em São Paulo, foram 63%.

 

A coordenadora da Rede de Observatórios, Silva Ramos, aponta a necessidade de políticas públicas para lidar com o problema. "É necessário tomar a letalidade de pessoas negras causada por policiais como uma questão política e social", disse em entrevista.

 

Estas políticas públicas, segundo Michael França, doutor em teoria econômica pela USP, precisam ser realizadas com espaço a grupos historicamente marginalizados, gerando oportunidades reais a esta população e para toda a sociedade.

 

"A gente precisa criar esses mecanismos, tanto na política, quanto em outros espaços, para fazer com que grupos historicamente marginalizados tenham espaço. Na política, isso é importante porque, a exemplo dos Estados Unidos, quando se elege negros, há um crescimento na destinação de recursos para educação, hospitais e mobilidade urbana, o que beneficia toda a população."

Segundo o Núcleo de Estudos Raciais do Insper, a pedido da Fundação Lemann, líderes públicas femininas têm 35% menos chances de envolvimento em casos de corrupção comparadas aos homens. Além disso, indivíduos negros propõem três vezes mais legislações e políticas públicas para inclusão do que seus pares não negros. Essas conclusões baseiam-se em uma análise de 95 estudos nacionais e internacionais sobre diversidade de gênero e raça na política e no mercado de trabalho, publicados em livros e revistas acadêmicas ao longo das duas últimas décadas.

*Jornalista e bacharel em Relações Internacionais.

Sobre
 

Este site foi construído por um grupo de alunos do curso de extensão Diversidade, inclusão e novos formatos no jornalismo pós-cultura digital, oferecido pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com a Rede Jornalistas Pretos pela Diversidade na Comunicação. As questões abordadas nessa página digital, resultado do trabalho final exigido pelo curso, refletem os temas debatidos durante os quatro meses que durou o projeto da UFRJ. Boa leitura!

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